terça-feira, 10 de maio de 2011

Dificuldades da educação de surdos em escolas inclusivas.


Dificuldades da educação de surdos em escolas inclusivas.

                                                                                  Rebeca Amâncio Bertolli Venâncio *
                                                                                  Urcélia Antônia Gonçalves *






Resumo:
  
 Este artigo investiga a educação do aluno surdo em escolas inclusivas, observando as dificuldades encontradas por esses estabelecimentos de ensino, na tentativa de realizar de forma eficiente essa inclusão. Verificaremos também os pontos positivos e negativos dessa inclusão. Será apresentado brevemente um pouco do contexto em que surgiu a inclusão escolar de surdos. Este artigo tem como objetivo levar a reflexão do que ainda precisa ser feito para melhorar a inclusão de alunos surdos nas escolas. 

Palavras – chave: Surdez, educação, escolas inclusivas, língua de sinais.


Abstract:
  
 
This paper investigates the education of deaf students in inclusive schools, noting the difficulties faced by these schools in an attempt to efficiently perform this inclusion. We will see also the positive and negative effects of such inclusion. Will be presented briefly some of the context in which emerged the inclusion of the deaf school. This article aims to lead to reflection of what still needs to be done to improve inclusion for deaf students in schools.

Keyword: Deafness, educatión, inclusive schools, sing lenguaje.


A inclusão tem como objetivo oferecer ao portador de necessidades especiais o direito à escolarização o mais próximo possível do normal, e uma maior integração na sociedade.
Primeramente vamos analizar o que e inclusão. Segundo o dicionário Aurélio (1993) inclusão é o mesmo que compreender, que quer dizer, entender, alcançar com a inteligência.  Falar de inclusão no Brasil realmente não é nada fácil, pois a sociedade ainda é muito preconceituosa. Temos muitas barreiras com relação ao assunto, uma delas é colocar crianças “normais” ao lado de crianças “deficientes”, mas uma das maiores dificuldades e a falta de políticas publicas, que facilitem o acesso de todos a educação. Os investimentos em educação são poucos principalmente em escolas inclusivas o que prejudica o bom funcionamiento destas. No caso do sujeito surdo precisamos de mais interpretes, de centros de apoio às crianças surdas e seus pais, pois além da criança, os pais também precisam aprender a língua de sinais.
A inclusão de surdos tem sido discutida durante varias décadas, foi planejada e hoje na atualidade as escolas inclusivas encontram barreiras e dificuldades na realização desse ensino inclusivo. Segundo Maria Cecília (2003), a situação social em que se encontra a formação de surdos ainda é de graves problemas, mesmo com as mudanças ocorridas recentemente. De acordo com ela, as soluções para esses problemas mostram possibilidades, mas em sua maioria causam divergências, resistências e controvérsias. É evidente, portanto que muito ainda precisa ser feito discutido, para que ocorram maiores avanços na educação inclusiva.
Segundo Ângela Maria Costa de Souza (2008), o processo da inclusão de surdos nas escolas inclusivas é muito diferente do processo de inclusão das demais diferenças, pois a surdez exclui o surdo pela língua usada na escola, sociedade, impondo assim obstáculos à realização das metas escolares.
A inclusão escolar de surdos tem passado por diversas dificuldades e transformações, mas ainda há muito o que ser discutido. Um ponto que não pode ser desconsiderado nesta problemática segundo (Pereira & Nakasato, 2002)  é o fato de que a maioria dos surdos vem de famílias ouvintes que usam o português na modalidade oral, que é inacessível a eles. Outro ponto importante a ser discutido é o fato de os surdos que são de famílias ouvintes na maioria das vezes chegarem à escola sem a aquisição de um língua.   
Durante esse processo de inclusão escolar de surdos têm sido encontradas diversas dificuldades, tanto pelas escolas inclusivas, quanto pelos próprios alunos surdos; tais como: uma metodologia de ensino que seja compatível com esse aluno portador de necessidades educacionais especiais, que não privilegie unicamente o método auditivo, o que é uma barreira para esse educando específico e que se utilizem na sala de aula de uma forma interativa e inclusiva uma abordagem de ensino que faça com que esse aluno se sinta sujeito de sua própria aprendizagem e que não sofra preconceitos – o que deve ser trabalhado pelo educador, através de projetos que levem a classe à refletir sobre educação inclusiva e respeito ao próximo.
Outra dificuldade encontrada é o fato de a deficiência auditiva não ser um problema “visível”, por isso a detecção do problema as vezes é demorada, o que prejudica a aquisição da linguagem pela criança. A falta da divulgação da linguagem de sinais é outro agravante desses problemas que a escola sofre além de serem escassos os profissionais conhecedores dessa linguagem.
Muitas escolas não dispõem de recursos audiovisuais – um facilitador da educação inclusiva, já que atende de forma satisfatória tanto os alunos surdos, quanto o restante dos estudantes. Às vezes, os educadores não são capacitados – o que deveria acontecer de forma contínua durante o ano letivo – a trabalharem com esse tipo de público. E o professor muitas vezes, mesmo quando tem algum conhecimento de libras, não possui fluência, o que dificulta a relação professor – aluno, em virtude da inaptidão do educador para se comunicar com o mesmo. Além disso, o aluno com esse tipo de necessidades educacionais especiais sofre com a segregação gerida pela falta de comunicação existente entre ele e seus colegas, pois os mesmos, na maioria das vezes, desconhecem a linguagem de sinais.

“A língua oral é o principal meio de comunicação entre os seres humanos, e a audição participa efetivamente nos processos de aprendizagem de conceitos básicos, até a leitura e a escrita. Além disso, influi decisivamente nas relações interpessoais, que permitirão um adequado desenvolvimento social e emocional.” (ROSSI, 2003).

Em virtude disso, muitos alunos surdos não se adaptam satisfatoriamente à escola inclusiva, por causa da falta de preparo das próprias instituições e da inaptidão do processo comunicativo por parte dos alunos convencionais, que desconhecem a libras.
A socialização é muito importante para o desenvolvimento de qualquer ser humano e os alunos com necessidades especiais auditivas também precisam se sentirem integrados ao sistema escolar e aceitos pelo meio docente e discente. Um dos pontos positivos das escolas inclusivas é o fato de que nas escolas tradicionais há um enfoque maior na leitura e na escrita, enquanto que nas escolas especiais para surdos o foco para essas áreas é menor, já que se prioriza um conhecimento específico de conceitos mais concretos. Em uma escola inclusiva, além de propiciar ao aluno especial um ambiente integrador e educá-lo para situações do cotidiano, no qual terá que conviver com experiências de pessoas que utilizam apenas a língua oral; esse enfoque na linguagem, através de projetos de leitura e escrita irá capacitá-lo para integrar a sociedade de forma mais natural possível, haja vista que passou pelas mesmas situações que outra pessoas e tem o mesmo conhecimento.
Em contrapartida, na escola inclusiva há um ponto negativo que é a ausência de uma língua em comum, o que gera a não participação dos alunos surdos nas aulas. Outros problemas são com relação ao comportamento disciplinar do aluno, pois o professor não tem muito contato com o educando – papel exercido pelo intérprete – e este, então, muitas vezes, não percebe ou não dá a devida importância ao comportamento. Há um distanciamento entre professor – aluno, ainda mais recorrente quando esse educador desconhece por completo a linguagem de sinais.
Entretanto, as escolas regulares têm uma exigência de trabalhos, seminários e pesquisas que possibilitam a interação entre os colegas, a socialização e ambos aprendem – tanto o aluno surdo, quanto o aluno regular. As apresentações em sala de aula, em geral feitas em grupo, proporcionam ao educando um sentimento de integrante daquele ambiente, além da positiva troca de experiências e aprendizagem.

Referências:
SILVA, Ivani Rodrigues; KAUCHAKJE, Samira; GESUELI, Zilda Maria (org.). Cidadania, surdez e linguagem: Desafios e realidades. São Paulo: Plexus Editora, 2003.
SOUZA, Regina Maria de; SILVESTRE, Núria; ARANTES, Valéria Amorim (org.). Educação de surdos: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2007.
BOTELHO, Paula. Linguagem e letramento na educação dos surdos: Ideologias e práticas pedagógicas.- 3. Ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.
SOUZA, Angela Maria Costa de; NASCIMENTO, Marilena; DAHER, Sérgio. Caminhos da Inclusão. Goiânia: Kelps, 2008.

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